quarta-feira, outubro 27, 2004

shhhh


Outro dia tava meio muito sensível, que chorava por qualquer coisa. Aí resolvi ouvir música, pra distrair, pensar em nada.
Só que as músicas reavivaram pensamentos que não voltavam há tempos... Daí eu parei pra pensar quais músicas que não seriam sentimentais o suficiente pra evitar o nó na garganta. Depois de procurar bastante, lembrei de uma banda que critica a sociedade, a injustiça social, etc. Seria uma boa opção, se eu já não tivesse vinculado a bendita banda a pensamentos que devolvem o nó à garganta.
Desliguei o som. Só que é foda, quando a gente fica em silêncio é quando dá pra ouvir melhor o que a gente tá pensando. E tá osso, eu só tenho pensado merda!
= ]

sábado, outubro 23, 2004

(sem inspiração pra título decente)

Eu sempre achei declarações de amor inúteis. Coisa que só funciona em filme hollywoodiano, onde era óbvio que ia dar certo porque o casal era o título do filme. Na real, ali, cara a cara, só servia para deixar a pessoa fazendo papel de boba apaixonada.
Ainda, o apaixonado se enche de esperanças, pois praticamente ninguém que escuta um "eu te amo" vence a vaidade e consegue ser realista o suficiente e dizer a verdade, de olhar no olho e responder um "não dá". Assim, seco, sem floreios ou eufemismos, é muito raro. Normalmente o amado dá uma razão para justificar o não; seja uma outra pessoa, um ex amor, uma cabeça confusa, a falta de tempo. E lá vai o apaixonado tentar achar uma solução que deixe o amado sem mais desculpas para rejeitar o amor. Aí é que aparece o "não dá" seco, ou até meio impaciente. Mas se a resposta é positiva (que provavelmente teve antes uma promulgação da decisão), eu não boto tanta fé. Não acredito em vencer pelo cansaço.
E tem outro ponto (mas esse é mais pessoal, saído da minha personalidade): eu vou é inflar o ego da pessoa a troco de uma ilusão. Tento então transformar o sentimento em amor-próprio - eufemismo de orgulho...
Uma vez se declararam para mim. Ali, na lata, "eu te notei dia tal, quando você fez isso isso e isso", e um monte de outras confissões (pretensão minha chamar de declarações). Mas não foi bom. Há quem diga que é sempre bom saber que tem alguém que gosta da gente, mas eu não consegui usar aquilo como alimento para o ego. Eu só consegui perceber a situação constrangedora que aquelas palavras criaram, e quão mal a pessoa poderia se sentir.
O fato do meu ego não ter sido inflado bateu de frente com o que eu pensava antes. E isso me fez reconsiderar a respeito da eficácia de uma declaração de amor. Talvez não seja de todo ruim... ou talvez os homens sejam narcisistas o suficiente pra se acharem por qualquer baranga que dá bola, que dirá uma declaração. Talvez eu esteja chata num nível entre o feminismo e o orgulho irracional.
Diagnosticando a minha situação específica, uma declaração de amor (há de se confirmar a espécie do sentimento) não acrescentaria muita informação. Só alertaria da intensidade, que às vezes nem eu acredito ser tanta. Sendo assim, só surtiria efeito considerável se sugerisse um futuro. Que nem eu sei se seria o melhor...
Um relacionamento que fosse fruto dessa declaração seria, no mínimo, estranho. Um tanto forçação de barra da minha parte (afinal, para todos os efeitos o que eu tenho que fazer é só esperar. Só. Quem vê até acha que eu disponho de tamanha serenidade), o que pode resultar num sentimento equivocado. Do tipo "venci pelo cansaço". Ou fui a opção mais palpável.
Taí mais uma consequência desagradável de se declarar: se tornar disponível. Admito com um tanto de vergonha que já cogitei meu antigo "apaixonado" como uma possibilidade de ficar feliz. Não por gostar, nem tentar gostar, mas por saber que a pessoa gosta e poderia me proporcionar momentos agradáveis. Então eu percebo que estou colocando outra pessoa na mesma condição que fui colocada. E é importante frizar que se alguém vira para você e diz que considerou a "possibilidade de tentar com você" isso não é uma notícia boa. Paradoxalmente, faz bem ao ego na hora, mas depois você percebe que saiu desfilando um "2ª opção" carimbado bem na sua testa.
Se declarações de amor são tão degradantes, por que é que as pessoas ainda o fazem? É claro que traz algum benefício, só falta descobrir qual. Paz consigo mesmo? Alívio por ter tentado? Eu só consigo enxergar o embaçado das falsas esperanças e até mesmo um quê de humilhação. Então eu rio, pensando como os amantes conseguem ser tão ridículos... e como eu temo estar entre eles.

sexta-feira, outubro 22, 2004

voa!


porque os românticos não têm medo de cair.

As Horas Nuas

"A gente vai perdendo. Perdendo uma coisa atrás da outra, primeiro, a inocência, tanto fervor. A confiança e a esperança. Os dentes e a paciência, cabelos e casas, dedos e anéis, gentes e pentes - todo um mundo de coisas sumindo no sorvedouro, tantas perdas."

::e eu que tinha que estar lendo "Memórias Póstumas de Brás Cubas".

quinta-feira, outubro 21, 2004

De novo

"Sinto muita saudade, essa é a verdade. Não te vejo a metade do quanto eu quero lhe ver. Se eu te vejo a metade mais eu sinto saudade, essa é a verdade. Quanto eu quero lhe ver! Quando a gente se fala, quando eu perco a fala. Eu te ouço e não falo o que eu quero dizer: Estou te amando de novo! E o quarto lugar pro meu posto, já me deixou feliz. (...) É o medo, o peso, o pesadelo, o segredo e o sossego que o desejo por um beijo pôs pra fora. E o desejo durante tanto tempo, só desejo mais desejo, deseja que o desejo seja feito agora.
Dia 1ºde maio, não sei porque me distraio, passou alguém perfumado. Quase que eu posso lhe ver!"

quarta-feira, outubro 20, 2004

você pode ir na janela

A música mesmo não é tão boa, mas a letra é linda e o clipe é todo romântico...


Se não vai
Não desvie a minha estrela
Não desloque a linha reta

Você só me fez mudar
Mas depois mudou de mim
Você quer me biografar
Mas não quer saber do fim

Mas se vai
Você pode ir na janela

A se amorenar no Sol
Que não quer anoitecer
E ao chegar no meu jardim
Mostro as flores que falei

Vai sem duvidar
Mas se ainda faz sentido, vem
Até se for bem no final
Será mais lindo
Como a canção que um dia fiz
Pra te brindar

Você pode ir na janela
A se amorenar no Sol
Que não quer anoitecer
E ao chegar no meu jardim
Mostro as flores que falei

Você só me fez mudar
Mas depois mudou de mim

terça-feira, outubro 19, 2004

Confissão

"Meu mal é o mal do poeta,
é o mal do idiota.
Eu lhe vejo tijolo
e principio desde já
a fantasiar castelo."


Sammis Reachers

sábado, outubro 16, 2004

ê vidão

A viagem foi uma bagunça, graças a Deus. Tipo uma bagunça esperada, meio prevista, já mais ou menos sabendo o quê que ia acontecer e o quê que ia dar errado. Ainda bem que o que deu errado não pareceu tão errado assim, foram só alguns respingos de uma sorte mal manuseada que me serviram de água-viva que eu não achei no mar. E, na boa, eu tô cansada! Nossa, cansa ficar acordada uma semana inteira direto, os miolos cansam de processar tudo sem dormir. Não se desligaram da realidade por um minutinho... A não ser, claro, quando eu os espremia pra fazer caber outras coisas que bloqueassem a passagem dos impulsos elétricos de informação. E olha que eu nem conheço meu cérebro tanto assim...
Coitados dos miolos, cansaram tanto que não aguentaram. Tiveram que jogar a toalha no último dia. Soltaram gotinhas aguadas que gritavam "desisto" que me atrapalhavam a visão, obstruíam meu nariz e me deixavam inclusive meio fanha. Mas eles precisavam... tem hora que a Bahia é foda.
E tomei meu velho navio de volta pra casa, me sentindo um tanto vitoriosa (apesar do meu sangue meio perdido, indo por veias que eu não aconselharia passar), ostentando estrelinhas de mérito no peito. Não por ter ganho alguma coisa e sim por não me ter deixado morrer. Porque é assim mesmo, se a gente sonha é porque tá dormindo. E quem dorme um dia acorda...

::ps_um dia a gente descobre se o amor move mesmo montanhas.

terça-feira, outubro 05, 2004

flores



fica até piegas ficar repetindo. então a gente guarda as palavras pra quando elas forem necessárias. mil beijos e... felicidades!

sábado, outubro 02, 2004

{vai embora!}

"Sabe, no fundo eu sou um sentimental
Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dose de lirismo...(além da sífilis, é claro)
Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar
Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..."
Meu coração tem um sereno jeito

E as minhas mãos o golpe duro e presto
De tal maneira que, depois de feito
Desencontrado, eu mesmo me contesto
Se trago as mãos distantes do meu peito

É que há distância entre intenção e gesto
E se o meu coração nas mãos estreito
Me assombra a súbita impressão de incesto
Quando me encontro no calor da luta

Ostento a aguda empunhadora à proa
Mas o meu peito se desabotoa
E se a sentença se anuncia bruta

Mais que depressa a mão cega executa
Pois que senão o coração perdoa..."