sábado, janeiro 29, 2005

Beijar para crer

Esse moço do Estranho Amor se supera a cada dia!
"Olho-te de frente e sei que os meus olhos estão a mentir. Ouço o que dizes e também os ouvidos mentem. Eu respondo-te com verdades inventadas à pressa.
Tenho a certeza de que a vida é feita pelo que os nossos sentidos se esquecem. Falas, mas os teus olhos desmentem-te com sinais matreiros. As palavras que ouço teriam que ser desmanteladas e as letras repostas no sentido do que nos esmaga o peito.
Não acredito na vida real. Acredito em ti e no que me chega sem ser deturpado pelas palavras, mesmo as bonitas. Os beijos servem, antes de tudo, para amputar tudo o que está a mais."

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Leiam Caros Amigos!

Esse poema se encontra na revista Caros Amigos deste mês:
www.carosamigos.com.br

Sorria, menina, sorria

Ah, esse sorriso no lábios, menina!
Por acaso não sabes que vais morrer?
Pobre criança!
Por acaso não tens pena do teu pai,
Que virá recolher teus pedaços?
Por que não me ouves?
Pensas que ninguém agride um sorriso,
Ou morre aos doze anos de idade?
Qual!
Volte para casa!
Pois a besta-fera que te espreita aguarda
O momento certo para disparar.
Não penses que vais ser poupada só
Porque estás a caminho da escola.
Por acaso não sabes que a mochila que
Levas às costas representa o que eles
Mais temem?
Que nela contém a mais
Poderosa das armas,
A história de tua Palestina?
Sim!
É a história de tua Palestina
Que eles querem destruir!
Ah, menina!
Eu bem avisei e agora vejo teu pai
Recolhendo o que restou do corpo
Após dezessete disparos!
Ah, menina, se tu visses agora
A besta-fera sorrindo, o sorriso da
Insanidade, a observar o lençol da pureza
Transportando os restos da filha querida,
Abatida a caminho da escola...
Ah, menina, queria tanto contar a
Tua história...
Mas como contar a história de
Alguém a quem foram dedicadas somente
Três linhas?
Ah, menina!
Nem teu nome sei!
E ainda sorris?
Por que sorris, menina?...
Mas o que digo?
Sorria, menina, sorria!
Pois não foste tu que ensinaste?
Quem vive no coração das pessoas jamais morre!
Sorria, menina, sorria!

Georges Bourdoukan é jornalista e escritor.

sábado, janeiro 22, 2005

Hoje foi um dia feliz. Mas engraçado, eu tô sem inspiração pra falar dele sem falar diretamente nele - igual eu sempre faço -, só sei que foi um bom dia.

quarta-feira, janeiro 19, 2005

mais música

Corro contra o tempo pra te ver
Eu vivo louco por querer você
Morro de saudade, a culpa é sua
Bares, ruas, estradas, desertos, luas
Que atravesso em noites nuas
Só me levam pra onde está você
O vento que sopra meu rosto cega
Só o seu calor me leva
Numa estrela pra lembrança sua
O que sou, onde vou
Tudo em vão
Tempo de silêncio e solidão
O mundo gira sempre
Em seu sentido
Tem a cor do seu vestido azul
Todo atalho finda em seu sorriso nu
Na madrugada, uma balada soul
Um som assim meio que rock'n'roll
Só me serve pra lembrar você
Qualquer canção que eu faça
Tem sua cara
Rima rica, jóia rara
Tempestade louca no Saara
O que sou, onde vou
Tudo em vão
Tempo de silêncio e solidão

:: só um detalhe: achei hoje o negão que eu vou casar.

segunda-feira, janeiro 17, 2005

Que saco!

Até ontem eu achava esse tal de Orkut uma alegre forma de diversão virtual... Pois é, hoje me decepcionei. Em meio a tantas comunidades engraçadas, divertidas e muitas vezes inúteis me deparo com a seguinte questão: "por que essa pessoa me pede autorização pra participar da minha lista se ela sabe que eu não gosto dela?" Taí o problema. O orkut, que é um modo de socialização barata, faz com que você sinta mais e mais necessidade de ter a sua lista de "friends" cheia. Eu com apenas vinte e poucos amigos, sendo que quinze são pessoas que apenas troquei meia dúzia de palavras, já me sinto saciada. Hoje, percebi que estou deixando a minha lista cheia de pessoas que eu não tenho nenhum tipo de ligação a troco de "agrados recíprocos". Tais pressupostos levaram-me a ao desmantelamento do meu arsenal de motivação. Alguém te pede autorização e você, com medo de criar um mal estar, aceita. No fundo estou desiludida com a orkutosfera em geral.
A Mara e a Hort tinham razão. É inútil! Bom mesmo é manter os amigos de verdade e conversar olhando no olho das pessoas. Agora vou fazer apenas visitas esporádicas no meu orkut, só pra não deixar algumas pessoas no vácuo. Adeus!

sábado, janeiro 15, 2005

caqui


Sem ter nada de interessante para dizer e ao mesmo tempo cheia de novidades, postei isso.
Inútil, não? Mas é que me deu uma vontade comer caqui hoje! Na sua casa não tem não, Mara?

quinta-feira, janeiro 13, 2005

Festa de Criança

Você reconhece quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. Alguma coisa no rosto. A expressão de quem chegou à terrível conclusão de que Herodes talvez tivesse razão.
- Que respiração ofegante o senhor tem!
- Foi de tanto encher balão.
- Que dificuldade o senhor tem para caminhar!
- Foi de tanto levar canelada tentando apartar briga.
- Como as suas mãos estão trêmulas!
- Foi de tanto me controlar para não esgoelar ninguém!
Respeito e consideração para quem teve uma festa de criança em casa no dia anterior. O pai e a mãe estão atirados no sofá, um para cada lado. Semiconscientes. Já é noite, mas a festa ainda não acabou. Sobram três crianças que não param de correr pela casa.
- Tenho uma idéia - diz o pai.
- Qual é?
- Vamos mandar eles brincarem no meio da rua. Esta hora tem bastante movimento.
- Não seja malvado. Daqui a pouco eles vão embora.
- Quando? Essas 3 foram as primeiras a chegar. Acho que os pais deixaram elas aqui e fugiram para o exterior.
Uma menina cruza a sala na corrida. Quando chegou, tinha o vestido mais engomado da festa. Depois de três banhos de guaraná e uma batalha de brigadeiros, parece uma veterana das trincheiras.
- Essa aí é a pior- diz o pai, num sussurro dramático. - Essa baixinha! É um terror!
- Coitadinha. É a Cândida.
- Cândida?! É uma terrorista!
- Sshhh.
- De onde saiu essa figura?
- É uma colega do Paulinho.
- E aquele ranhento que não pára de comer?
- É o Chico. Também é colega.
- Será que não alimentam ele em casa? E o outro, o que está pulando em cima da mesa?
- É o Paulinho! Você não reconhece o seu próprio filho?
- Ele está coberto de chocolate.
- É que ele teve uma luta de brigadeiros com a Cândida...
- E perdeu, claro. A Cândida é imbatível. Guerra de brigadeiros, jiu-jitsu, vôlei com balão, hipismo com cachorro. Ela foi a única que conseguiu montar no Atlas.
- Por falar nisso onde é que anda o Atlas?
- Fugiu de casa, lógico. Era o que eu deveria ter feito.
- Ora, é só uma vez por ano...
- Você precisa me lembrar? Pensar que daqui a um ano tem outra...
- Você não pode falar. Você também gosta de fazer festa no sue aniversário.
- Mas nós somos finos. Nenhuma festa teve guerra de chocolate. Nos embebedamos como pessoas civilizadas.
- Ah, é? E o anão com o trombone?
- Essa história você inventou. Não havia nenhum anão com um trombone.
- Ah, não? A Araci é que sabe dessa história. Só que ela foi embora no mesmo dia.
O Chico se aproxima.
- Tem mais cachorro quente?
- Não, meu filho. Acabou.
- Brigadeiro?
- Também acabou, Chico.
- Dá uma lambida na cabeça do Paulinho - sugere o pai, sob um olhar de reprimenda da mãe.
- Puxa, não tem mais nada? - diz o Chico. E se afasta, desconsolado.
- E ainda reclama, o filho da mãe!
- Shhh.
- Bom, você eu não sei, mas eu...
- O que você quer?
- Vou tomar meu banho, se é que ainda tenho forças para ligar um chuveiro, e ver televisão na cama.
- E quando chegarem os pais?
- Que pais?
- Os pais da Cândida e dos outros, ora.
- O que é que eu tenho com eles?
- Quando eles chegarem, você tem que receber.
- Ah, não!
- Ah, sim!
- Mais essa?
Batem na porta. O pai vai abrir, esbravejando sem palavras. É um casal que se identifica como os pais da Cândida.
- Entrem, entrem.
- Nós só viemos buscar a...
- Não, entrem. A Cândida não vai querer sair agora. Ela é um encanto. Meu bem, os pais da Cândida. Sentem, sentem.
O pai esfrega as mãos, subtamente reanimado.
- Quem sabe uma cervejinha? Querida, vá buscar.
Como a Araci se foi, a própria mãe - que se ocupou com a festa desde manhã cedo, que mal se aguentava em pé, que podia matar o marido - vai buscar a cerveja. Pisando nos embrulhos de doces, nos copos de papelão e nos balões estourados que cobrem o chão e que ela mesma terá quem limpar no dia seguinte. Respeito e comiseração para as mães que tiveram festa de criança em casa, no dia seguinte.
Enquanto isto o pai acaba de abrir a porta para os pais do Chico e os manda entrar, entusiasmado com a idéia de começar sua própria festa.
- Querida, mais cerveja!

quarta-feira, janeiro 12, 2005

post sem razão de existir

fiquei com vontade de explicar o porquê de ter postado aquilo. digo, esse post aqui de baixo. isso faz perder a graça do post, eu sei, mas o porquê de fazer o porquê eu não explico. até porque eu não consigo, mas que seja, blogs foram feitos pra serem postados. porque senão aí seriam os blogs, não os meus posts que não teriam razão de ser. e só pra introduzir esse post eu viajei. então acho que esse parágrafo é dispensável... mas se fosse, eu tinha só deletado ele e começado outro. mas já dizia Luis Fernando Verissimo, que feliz era a época da máquina de escrever; textos livres de qualquer tipo de edição.
acho que perdi a vontade de explicar o post, sei lá, depois da citação do Verissimo me deu foi vontade de postar uma crônica dele. e de dizer umas coisas a respeito de quem eu acho que de fato lê o que eu escrevo, sobre uma leve sensação de invisibilidade de simplesmente jogar no vento o que me vem na cabeça na hora, sem saber quem vai ou não vai ler e quem vai ou não vai entender. deve ser essa a mágica (eu acho essa palavra meio baranga, mas que seja) de ser colunista de um jornal... mas isso não é motivo suficiente pra me fazer fazer jornalismo. isso tbm ficou estranho. "fazer fazer", tico-tico, quero-quero... ?
ah, droga, viajei pra terminar o post também. vai ver os posts tinham que simplesmente acabar, e não seguir o protocolo de "introdução, desenvolvimento e conclusão" dos textos teoricamente bem feitos. mas aí fica parecendo pose de post enigmático, ou que tem a intenção de provocar um efeito, de deixar alguma coisa no ar, um quê de "tire suas próprias conclusões". eu sei que faço isso de vez em quando, mas é normalmente quando eu tô triste ou mal humorada, e ainda não vejo problema pela história de não saber quem vai ou não vai ler e o que vai achar. (tive que me conter pra não escrever essa frase usando "e ainda me escondo atrás da invisibilidade proporcionada pelo blog". pareceu sentimental demais, mas sentimental não é a palavra, acho que piegas é melhor.) e quanto à história de não saber o que vão achar, eu sei que é pra isso que servem os comentários, mas como os daqui não são assim tão badalados, eu ainda não acho que tem como saber. é daí que eu tirei a baranguice da invisibilidade... a lógica de que, se não comentam, é porque não lêem, e se não lêem eu tô só falando sozinha. faria sentido, se eu não fosse uma das pessoas que fuçam (assim que escreve?) blogs alheios e nunca comentam.
ah, é, a crônica do Verissimo.

Eu Te Amo

"... se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu?"

domingo, janeiro 02, 2005

{luz e mistério}

Oh! Meu grande bem
Pudesse eu ver a estrada
Pudesse eu Ter
A rota certa que levasse até
Dentro de ti
Oh! meu grande bem
Só vejo pistas falsas
É sempre assim
Cada picada aberta me tem mais
Fechado em mim
És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério
Doçura de luz
Amargo a sombra escura
Procuro em vão
Banhar-me em ti
E poder decifrar teu coração
És um luar
Ao mesmo tempo luz e mistério
Como encontrar
A chave desse teu riso sério
O grande mistério, meu bem, doce luz
Abrir as portas desse império teu
E ser feliz
(caetano veloso e beto guedes)