Estou eu andando na Augusto de Lima, num sol de rachar e uma blusa de frio na mochila, pensando na morte da bezerra - e por
bezerra entenda-se
uma simples irrelevância que vai impedir meus filhos de serem poliglotas já aos sete anos de idade. Quando, de repente, me vem um homem. Baixo, uns quarenta e lá vai pedrada, com aquela cara de quarta-feira à tarde e uma Samsonite atravessada no peito:
"fofa demais, viu moça?". Aí eu soltei um pum. Daqueles bem sonoros pra ele morrer de nojo e se arrepender eternamente de ter mexido comigo.
É claro que não. Esse
insight eu só tive depois, sentada no ônibus meio puta da vida. Porque essas coisas irritam mesmo.
Na hora, o máximo que eu pude fazer foi me conter para não interpretar o
fofa como
gorda, e consegui ir além. {Sou um ser superior.} O que diabos ele - e todos os outros homens que fazem esse tipo de coisa - espera que aconteça?
a) Que a mulher pare no meio da rua, agradeça o "elogio" e siga feliz: "ele fez o meu dia!"b) Que a mulher pare no meio da rua, diga algo do mesmo nível e os dois troquem telefones, podendo desde ir a um motel mais próximo até passar o resto da vida juntos. "É, meu filho, papai e mamãe se conheceram quando ele me chamou de 'gostosa' na rua. Foi amor à primeira vista."c) Que a mulher pare no meio da rua e solte um pum sonoroPor isso é que, dessa vez, não fui eu quem soltou - não um pum - um assunto aleatório no blog; foram os homens e seus nojentos e obscuros objetivos que saíram chamando qualquer coisa que lembre uma mulher de
boa. Isso quando antes da fala fatal eles não soltam um
nasssssssa... como se tivesse uma carne grudada no dente.
Da próxima vez, eu vou parar e esperar a reação. Espero sinceramente que não seja uma tentativa de violência. Se for, eu solto mesmo um pum.