domingo, agosto 15, 2004

WC Feminino





Pra quê servem os homens?

Pra serem fontes de sensações de ordens diversas e muitas vezes dicotômicas. Pra serem assunto de banheiro, telefone, pensamento, música. Blog. Pra ter uma generalização e uma desesperança irreversível: todos os homens são filhos da puta – inclusive o seu pai. Pensa: seu pai não é meu pai, e vice-versa. Então? Meu pai é homem pra você e o seu pai é homem pra mim. E, também, a quem é que eu tento enganar? O meu próprio pai é também um legítimo filho da puta enquanto homem.

Há quem diga que os homens só são filhos da puta porque as mulheres são um bando de traíras. Justo a mulher, a parte sensível e emocional da raça humana. “O mundo mudou, acabou essa história de que homem não chora e mulher é o sexo frágil”, concordo. Mas mudou a característica biológica da mulher de insistentemente se ater a detalhes mínimos e de dar valor a coisas banalizadas por homens?

E essas “coisas banalizadas pelos homens” não são só os clichês de flores no dia seguinte ou declarações de amor exageradas (embora não faça mal algum receber um telefonema, ou até mesmo uma mensagem de celular de vez em quando): são coisas que – sem saudosismos ou moralismo – não deveriam ter se tornado tão triviais. Um bom exemplo disso é o beijo. Pode vir cercado de tanto significado, tanta expectativa... mas, em uma grande parte das vezes, vem por puro e seco desejo. Desejo passageiro, tesão momentâneo, “oi, me dá um beijo”, a resposta já não usa de palavras, “como você chama mesmo”, “então, falou”.

Sem hipocrisia, não digo que todos os beijos que já dei na vida foram porque estava completamente apaixonada e nada na vida significava mais do que aquele momento. Sem radicalismos, claro que também já beijei assim, mas o que eu quero dizer é que, quando desfrutei do beijo em seu formato mínimo, em sua versão medíocre, quando fui uma mulher “traíra”, por assim dizer, não esperei que os homens não fossem filhos da puta.

Mas enquanto mulher mulher, mulher gente, mulher não-objeto, eu sim espero que possam me fazer calar as generalizações.

“Homens... quem precisa deles?”
Eu. E você também.

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